Em setembro de 2014 eu escrevi sobre a Evocation devido ao surgimento de uma cópia digitalizada da demo Belial's Land de 1996. Lembro que algumas pessoas comentaram sobre aquele período de vinte anos atrás. Vieram falar comigo sobre essas lembranças em alguns shows que fiz com a Xaparraw entre 2012 e 2013. Por questões que não vale comentar aqui, eu exclui as postagens anteriores a 2015 e fiquei longos períodos sem escrever desde que comecei minhas atividades nesse espaço em 2011. Aos poucos estou revisando os textos e postando retroativamente, pois os motivos que fizeram com que eu deletasse meus textos já não se justificam. O texto que segue é o mesmo escrito em 2014 com o acréscimo deste primeiro parágrafo e do último. Fica aqui o registro para quem tiver interesse em conhecer a história da banda.
A Evocation foi uma banda polêmica e que sempre conviveu com muitos problemas, principalmente quanto a estabilidade de sua formação. Estamos falando da metade dos anos 90 onde ter uma banda era para quem realmente estava disposto a trabalhar muito em condições precárias e receber pouquíssimo reconhecimento. Estávamos num momento interessante em termos de Rock e Metal em geral. Tínhamos bandas de Death Metal surgindo por todos os lados, algumas bandas do Hard Rock glamoroso de arena que ainda subsistiam, o Grunge estava muito presente na mídia, o Black Metal norueguês colhia os frutos do movimento chamado Inner Circle por aqui, o Metal brasileiro ganhava terreno com o Sepultura atingindo o topo e bandas como Angra, Dr. Sin, Viper e Raimundos conquistando notoriedade fora das fronteiras tupiniquins. Para o bem ou para o mal, os Mamonas Assassinas estavam permanentemente na mídia, o que não deixava de ser uma banda de Rock, ao invés do funk carioca e dos sertanejos universitários de hoje em dia. Graças a MTV, bandas mais alternativas como Faith No More, Red Hot Chilli Peppers e Rage Against The Machine também se mantinham fortes no conceito da molecada. O New Metal também nascia influenciado por Sepultura, Pantera e as bandas industriais como Nine Inch Nails, Fudge Tunnel, New Model Army e Fear Factory. Não lembro de uma fase tão diversificada de bandas com estilos tão diferentes. Vários fatores contribuíram para isso, um deles a MTV, as revistas especializadas já traziam conteúdos diversificados, a troca de fitas demo e fanzines ajudaram a difundir diversos estilos. Porém, a efervescência de bandas talvez tenha sido o principal meio de divulgação do Heavy Metal. Formaram-se diversas cenas e elas aos poucos foram mantendo contato umas com as outras.
A Evocation foi a consequência de mais duas bandas anteriores a ela, mas com seu guitarrista e fundador em comum. Hasmodel, pseudônimo adotado pelo Alex, que era meu conhecido desde 1992 quando fundou a banda Crow, com seu primo na bateria e mais dois músicos de Cachoeirinha. Essa banda tocava Death Metal, mas ainda de uma forma bem rudimentar. Chegaram a fazer uma ou duas apresentações e gravar uma demo ensaio até encerrar suas atividades. No ano seguinte, 1993, a banda foi reformulada e rebatizada como Desaster. A sonoridade agora ia de encontro ao crossover de bandas como Napalm Death, que misturava Death Metal com Hard Core. Eu estava presente nesse momento tocando baixo e éramos um trio formado por Hasmodel, na época apenas Alex, na guitarra e nos vocais, seu primo e ex-baterista da Crow ainda nas baquetas e eu no baixo. Trabalhamos umas cinco ou seis composições, porém, com a troca de bateristas e problemas de relacionamento com seu líder, eu me retirei e montei minha própria banda. A Desaster seguiu com a participação de alguns amigos meus inclusive, mas não chegou a gravar nada.
Acho que no final de 1994, Hasmodel decidiu montar uma banda de Black Metal aproveitando as sobras de composições anteriores e motivado pelas polêmicas sobre queima de igrejas, assassinatos de homossexuais e outros membros de bandas deste estilo. Não sei ao certo porque não mantínhamos contato nessa época, pois só voltei a falar com o Alex quando ele convidou Adriano Pieres, que era meu amigo, para tocar teclados na Evocation. Fui a alguns ensaios e apresentações deles. Chegaram a gravar uma demo ensaio, mas o trabalho estava bem no início ainda. Minha banda estava num impasse quanto a estilo e as composições estavam confusas e patinando. Eis que o baixista da Evocation abandona a banda e eu sou convidado a participar de alguns shows. Aprendi as músicas, ensaiei algumas vezes e aceitei meu papel na banda, que era usar corpse paint, banguear como louco e usar distorção no baixo. Naquele momento a Evocation nada mais era do que o núcleo inicial da Desaster com o acréscimo dos teclados.
A Evocation nunca teve uma formação estável. Mesmo com a minha entrada para resolver o problema dos graves, sempre tivemos dificuldades com bateristas. Tecnicamente a banda era um horror, pois havia precariedade nos instrumentos e equipamentos, nunca estávamos entrosados, pois a formação mudava o tempo todo, isso prejudicou muito a composição de novas músicas e um produto final mais coeso. Nossos shows eram confusos, pois ainda não existia um público consolidado e o pessoal que curtia o estilo nos via com desconfiança por sempre tocar em festivais com diversas bandas de estilos diferentes. Tocávamos com corpse paint, crucifixos de ponta cabeça e velas acesas em meio a bandas de punk rock e pop, muitas vezes. Nos motivávamos porque éramos os únicos e não tínhamos vergonha do que fazíamos, era tosco, improvisado e primitivo, mas era nosso.
Gravamos uma demo chamada Belial's Land no final de outubro de 1996. Entramos no estúdio Live, ensaiamos por uma hora e gravamos na segunda. Simples assim. A demo representava nossa sonoridade e nossa performance ao vivo. Essa demo circula até hoje na internet em alguns sites e blogs alternativos. Vale como registro, pois através dessa fita recebemos um convite para participar de uma coletânea com outras dezenas de bandas do mundo todo pela gravadora Shiver Records da Bélgica. Sometimes Death is Better era o nome do trabalho e foi lançado em 1997, depois da banda já estar extinta. Houve uma reunião básica, a escolha da música de trabalho e a gravação já em multi canais e via ADAT. É interessante que trocamos o baterista, gravamos todos os instrumentos separadamente em outro estúdio e o resultado ficou igual a versão da demo para Obscurity Worship.
Voltamos a nos reunir e tentar fazer alguma coisa no início de 2015, mas a coisa não fluiu como deveria. Essa reunião se deu por um blog, que digitaliza fitas demo antigas, postar a demo gravada em 1996. Achei por acaso em agosto de 2014 e falei para o ex-tecladista. Volta e meia a Evocation surge como boato ou arrasta seu cadáver fedorento por um tempo, mas voltar a tocar e a gravar nunca aconteceu. O que existe é a demo Belial's Land de 20 anos atrás e o single de Obscurity Worshiper que entrou na coletânea belga. Era uma banda derivada de outras duas que bebeu bastante na fonte de Samael e Rotting Christ. Talvez se tivesse seguido com uma formação mais estável, as coisas seriam diferentes. O fato é que não aturávamos mais olhar um para a cara do outro depois de sofrer para poder fazer shows com equipamentos e instrumento precários pagando tudo dos nossos bolsos. Sim, pagávamos por tudo e nunca cobramos cachê para tocar em lugar algum.
O que restou dessa fase é o reconhecimento de algumas pessoas que ainda lembram da banda e a experiência adquirida para os projetos futuros de cada um. Tocamos na região metropolitana de Porto Alegre (Canoas, Esteio, Gravataí e Cachoeirinha) e em Guara Mirim em Santa Catarina. Talvez a grande vilã de toda essa história seja a época mesmo. Quando entrei para banda ainda era menor de idade. Éramos todos moleques imaturos e a sonoridade da banda era muito datada, registrava aquele período. Não chegamos a evoluir e buscar nosso próprio caminho, apenas embarcamos na onda que as outras bandas iniciaram e quando a coisa esfriou não tivemos personalidade e nem motivação para seguir adiante. A estrutura também não ajudou, estávamos na fase das gravadoras mandarem em tudo e a música independente ficar marginalizada. Bancar estúdios para ensaios já era difícil, imagina uma gravação profissional. Essa é a curta história da Evocation, ao menos a que fiz parte, e acho que essa banda teve sua importância e merece ser lembrada as vezes, pois volta e meia é citada em algum lugar.
Possivelmente algumas pessoas irão ler histórias épicas a respeita da banda, tentando transformá-la em algo maior do que foi, mas isso não passa de uma tentativa mambembe de usar o nome e a história para tentar reviver aquela época. Eu tenho registros de uma reunião nossa no início de 2015 e que não foi adiante. Se houvesse uma intenção séria de retomar a banda, teria acontecido nesse período, mas não ocorreu. Se falarmos de Evocation o que temos é a demo Belial's Land e ponto final. Qualquer lançamento diferente disso é cover ou mera picaretagem.
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Sobre o autor
Kako Ramos é músico, compositor, produtor musical e professor. Tocou nas bandas Dog is Dead, Striknina, Desaster, Desecrate, Evocation, Dallas, Spellbound, In Pace, Shekinnah, Waiftown, Xaparraw, Khramus e Heavinna. Escreveu para heavinna.blogspot.com, TopBuzz, e Canal Seratonina. Ministra aulas particulares de teoria musical, guitarra, contrabaixo elétrico e produção musical.
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