Imagine um álbum chamado “Alma de uma nova máquina” num cenário onde Marilyn Manson e Nine Inch Nails estavam popularizando o “rock industrial” no mainstream através da alta exposição de clipes na MTV por volta da metade da década de 1990. Agora acrescente o fato de que a literatura e o cinema estavam retomando a temática ficção científica colocando homens contra máquinas e vice-versa. Pois foi este contexto que me fez conhecer o trabalho de estreia da banda Fear Factory. Garimpando LPs na loja Megaforce, me deparei com a capa que ilustra essa postagem e lembrei que havia lido sobre este disco.
Soul of a New Machine é um álbum singular, tanto para a banda que o concebeu quanto para o estilo musical ao qual pertence, afinal, logo após o lançamento deste trabalho a banda mudou o direcionamento artístico. Embora essa mudança tenha sido celebrada pela mídia especializada e ajudara a definir o estilo “nu metal” ao lado de Pantera, Sepultura, Ministry, entre outros, por algum motivo isso me fez ignorar propositalmente o desenrolar da carreira do Fear Factory. Como falei na postagem sobre o disco do Brutality, cujo LP adquirira no mesmo dia, neste período eu priorizava conhecer bandas de death metal e a curiosidade me fez adquirir ambos os LPs.
Mas o que teria de positivo e negativo neste debut da banda de Dino Cazares, que viria a ser muito requisitado em projetos de outros artistas ao longo dos anos seguintes e se tornaria um produtor respeitado? De positivo há um cuidado perceptível com a quantidade de faixas e a duração de cada uma delas, pois um trabalho focado em riffs de guitarra ultra pesados e levadas de bateria rápidas poderia deixar o álbum monótono como ocorre com a maioria dos trabalhos neste estilo. Entretanto, com o entrosamento do guitarrista e do baterista Raymond Herrera embasando as estruturas cuidadosamente editadas em estúdio, a massa sonora ficou consistente, principalmente ao intercalar trechos rápidos e pesados com ambientações mais arrastadas e obscuras. Por mais que pareça algo até non sense, a sonoridade do álbum é esteticamente condizente com sua capa, pois há escuridão e frio adornados por cores vivas e pulsantes em uma imagem simples de uma vida aparentemente humana dentro de uma estrutura metálica.
Os pontos negativos que eu poderia citar estão na temática das letras, já que naquele período as críticas religiosas já estavam saturadas e ao mesclá-las com temas ao estilo Matrix tirou um pouco da genialidade do conceito da obra que poderia ser mais bem elaborado em termos líricos. Embora eu não considere um defeito, a produção utilizou recursos de corte e edição de velocidade, principalmente na bateria, mas muitas vezes nas guitarras também, que deixaram um death metal orgânico e robusto um tanto pasteurizado. No LP isso não é muito perceptível, mas nas versões digitais essas edições soam bem evidentes. Entretanto, Al Jourgensen e Trent Reznor já utilizavam esse tipo de subterfúgio para construir as músicas de suas respectivas bandas (Ministry e Nine Inch Nails), ou seja, mesmo sendo uma banda de death metal inicialmente, o Fear Factory fez o que era preciso para mesclar este estilo ao que estava despontando no estranho heavy metal daquele período.
Com o passar dos anos, devido ao lado afetivo e nostálgico, Soul of A New Machine do Fear Factory está entre os álbuns de metal extremo que eu mais gosto. Porém, não é tão representativo ao ponto de fazer com que eu me interesse pelo restante da discografia da banda. Mesmo que tenha escutado vários destes trabalhos algumas vezes, a busca pela identidade sonora que Dino Cazares passou a fazer ao polir suas músicas e deixá-las mais “palatáveis” ao gosto da mídia especializada não chamou a minha atenção, pois soou datado demais para o meu apetite em particular. O que não quer dizer que a banda só tenha entregado um único bom álbum, até pela importância do nome Fear Factory no cenário musical essa afirmação seria descabida, mas como amante de death metal Soul of A New Machine é um item solitário deste grupo em minha lista de favoritos.
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