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Em uma noite de sábado qualquer...

Atualizado: 16 de abr.


noite sábado
Noite de sábado

Era uma noite de sábado qualquer. Como de costume, eu estava na casa de minha mãe naquele final de semana. Em 1989, eu, então com 11 anos, ainda morava na casa de meus avós. Gostava de dormir na casa de minha mãe para poder assistir televisão até tarde, pois meus avós sequer tinham um aparelho. Então, jogado preguiçosamente em uma poltrona velha, pela minúscula tela de 14 polegadas em preto e branco eu assisti à premiação do Grammy. Já gostava de música e tocava violão desde os 8 anos. Mas naquela data em especial, não sei se era uma reprise ou transmissão ao vivo do tal evento, pude assistir ao Metallica tocando na íntegra a música One, que estava concorrendo naquela edição por conta do videoclipe, primeiro da banda.

Aquela experiência foi um divisor de águas na minha vida. Deixei de ser o menino que tocava violão na igreja para desejar ardentemente ter uma guitarra e fazer parte de uma banda de heavy metal. A partir de então, busquei conhecer mais artistas daquele gênero musical. E como costuma acontecer, quando desejamos algo com muita força, parece que o universo conspira de alguma forma para deixar certas migalhas pelo caminho para guiar nesta jornada até o objeto de nosso desejo. Não demorou muito para que eu tivesse acesso a bandas como Iron Maiden, Dio, Black Sabbath, entre outras.

No ano seguinte, a MTV chegou ao Brasil, as emissoras de rádio passaram a ter programas específicos sobre rock em sua programação e começaram a aparecer revistas nas bancas de jornal falando do estilo. Talvez até já houvesse algum movimento neste sentido, mas como ainda não havia o interesse de minha parte em buscar ouvir aquilo que se tornaria minha paixão, eu não conseguia perceber nada. Até porque, naqueles tempos, meu mundo era limitado ao que eu via na escola, na igreja e nos passeios esporádicos com meus avós ou minha mãe.

Muita gente no underground costuma reclamar de bandas como Guns N’ Roses, Nirvana, do próprio Metallica, por elas terem grande exposição na mídia. Em certo ponto, eu reconheço que chegou a encher o saco ouvir sempre as mesmas músicas, mas se não fosse todo aquele barulho em torno deles, as lojas de discos não venderiam tantos álbuns, as músicas não tocariam nas rádios nem nas televisões e talvez ficássemos até hoje à margem de tudo que ocorria no exterior quando o assunto é rock.

Críticas semelhantes recebiam as revistas como Top Rock, acusadas de plágios, de inventarem notícias e de enganarem os leitores, mas sem as edições especiais que lançavam, era quase impossível encher as paredes de posters, o que era natural aos jovens da minha idade. Tinha as camisetas Pirata Urbano que eram vendidas em algumas lojas e bem baratas. Não raro havia bandas tocando nas calçadas ou mesmo DJs em frente aos bares rodando Metallica, Red Hot Chilli Peppers, Guns N’ Roses, Nirvana, entre tantos outros.

O que tiro dessa experiência é que em certos momentos da vida, pequenos eventos que poderiam passar batido acabam por mudar completamente o rumo de nossos passos. Não quero citar destino ou a Lei da Atração para justificar os eventos que ocorrem conosco, mas que por baixo de tantos fatos que acontecem diariamente, parece que existe aqueles que estão destinados a serem marcantes e inesquecíveis.


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2 comentários

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03 de abr.
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Muito bom!!! 💀 Acho que essas coisas realmente existem, parece que há uma força que sempre nos puxa para um caminho do qual permaneceremos. Lembro quando comecei a ouvir rock, foi do nada, aqui em casa meu pai gostava de sertanejo, então a gente sempre escutava, as composições antigas eram bonitas e muito bem cantadas, não tinha porque a gente querer conhecer outros estilos, então. Mas um dia, fiquei doente por falta de ferro no sangue e comecei a tomar um remédio à base de ferro, não sei se foi coincidência, mas ia passar um show do U2 na tv e fiquei com muita vontade de ver, nem sei porque, não conhecia nada sobre eles, nenhuma música, nem o nome…

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Kako Ramos
Kako Ramos
07 de abr.
Respondendo a

Compartilhei essa história porque várias pessoas já relataram casos semelhantes. É por isso que estou envolvido com música a mais de três décadas, compondo, tocando em bandas, gravando, escrevendo livros, produzindo treinamentos e compartilhando com quem tiver interesse. Na época em que comecei a ouvir metal, as pessoas com quem me identifiquei acabaram por pavimentar grande parte deste caminho, seja me mostrando bandas, me acompanhando em eventos ou mesmo tocando.

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