Por mais estranho que possa parecer, no início da década de 1990, a banda mais celebrada pelos headbangers, que eu conhecia ou via nos eventos que ia, era o Sepultura. Ao lado de Slayer, Kreator, entre outros nomes clássicos do thrash metal, Sepultura e Pantera poderiam ser considerados os grupos mais influentes dentro do heavy metal naquele período, diferente dos citados, esses dois pareciam estar ascendendo enquanto os demais estavam em decadência. Isso refletiu na minha história, pois os primeiros LPs que adquiri foram Cowboys From Hell e Vulgar Display of Power, da banda dos irmãos Abbott, e depois caos depois de Cristo (Chaos A.D.) do Sepultura, em um momento em que comprar um disco era um evento a ser comemorado.
O álbum Chaos A.D., lançado em 1993 - após dois álbuns icônicos, Arise de 1991 e Beneath The Remains de 1989, estes muito celebrados naqueles tempos – na época representou muito bem o tipo de sonoridade que marcaria a continuidade do metal até a virada de século. Entretanto, ouvindo músicas como Refuse/Resist e Territory, que abrem o disco, este potencial ainda está lá, intacto. Aliás, em 1994, quando fizeram uma turnê interessante pelo Brasil ao lado de Ramones e Raimundos, tive a oportunidade de conferir in loco como essa nova sonoridade soava ao vivo. Mas tirando essas duas músicas, assim como Farbeyond Driven do Pantera, o resultado peca no todo por ser desequilibrado. É óbvio que ainda há bons momentos aqui e ali, mas talvez só Biotech is Godzilla e The Hunt sejam realmente interessantes após se ouvir Slave New World, que ainda mantém o clima das duas primeiras faixas.
Mas o que me incomoda em Chaos A.D. pode ser percebido nos já citados Arise e Beneath The Remains? Sim e não. Sim, estes dois trabalhos também abrem com duas músicas ótimas (Arise e Dead Embryonic Cells o primeiro, e Beneath The Remains e Inner Self o outro), o clima segue o mesmo em ambos os trabalhos, mesmo que as músicas não tenham tanto destaque, mas Amen e Kaiowas começam a incomodar. Propaganda não recupera o pique e ajuda a aumentar a sensação de desconforto. Não que seja ruim, mas a sequência do álbum é descartável de modo geral.
Chaos A.D. é mais diferente de Arise, que este é de Beneath The Remains, por consequência, Roots, último da “saga Cavalera”, expõe ao extremo aquilo que apenas me incomodava no disco de 1993, o exagero em elementos “exóticos”. Não falo da dita “brasilidade” que o grupo foi assumindo, o que seria de sua natureza e estava latente desde Schizophrenia e foi se fortalecendo, houve uma mudança de fórmula onde o thrash característico flertou demais com o “industrial” e se tornou artificial. Só percebi isso ao ouvir Roots com atenção quando este foi lançado. Não quero aqui manifestar o desejo de que eles mantivessem a pegada anterior e se repetissem, mas que Cavalera Conspiracy diminui bastante a lacuna aberta entre Arise e Roots, guardadas as devidas ressalvas de época e proposta, me parece inegável.
Eu ainda gosto de Chaos A.D., mas confesso que ouvi-lo atualmente é um pouco cansativo. Não vou comentar muito sobre a fase Derick, pois com a entrada dele, depois de todos os episódios que ocorreram, a banda iniciou um novo ciclo, que demorou dois álbuns para realmente engrenar, teve seus altos e baixos com a saída de Igor, mas conseguiu entregar trabalhos dignos. Inclusive, pude assistir mais três apresentações da banda já com Derick, nenhuma delas chegou aos pés do que assistira no Gigantinho em 1994, mas isso não vem ao caso aqui. O Sepultura chegou no auge com Chaos A.D., o que já vale uma atenta audição, e colapsou e Roots.
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